Alphonse Gabriel Capone, mais conhecido como Al Capone, nasceu no Brooklyn, em Nova York, no dia 17 de janeiro de 1899. Filho de Gabriele e Teresa Capone, imigrantes italianos oriundos de Angri, uma pequena cidade próxima de Nápoles, Al cresceu em um ambiente humilde. Seu pai trabalhava como barbeiro, e sua mãe, como costureira. O casal teve nove filhos e, desde cedo, Al demonstrava um espírito rebelde e impulsivo. Na escola, sua trajetória foi breve. Aos 14 anos, foi expulso por agredir uma professora, encerrando ali sua vida escolar e abrindo espaço para um novo e perigoso caminho: o crime.
Ainda adolescente, começou a trabalhar em pequenos serviços no bairro, mas logo foi atraído pelo brilho do dinheiro fácil. Foi nesse contexto que conheceu Johnny Torrio, um influente mafioso local. Torrio atuava em diversas atividades ilegais — apostas clandestinas, agiotagem, tráfico de drogas e cafetinagem — e enxergou potencial no jovem Capone. Sob sua influência, Al mergulhou no submundo do crime nova-iorquino, ingressando em gangues juvenis, entre elas a temida Five Points Gang, conhecida por praticar extorsões, assaltos, furtos e tráfico de drogas. Essa ligação mudaria o destino de Capone para sempre.
Em 1919, Torrio recebeu um convite de James “Big Jim” Colosimo para se juntar à máfia de Chicago. Torrio aceitou e, pouco tempo depois, levou Al Capone com ele. A mudança marcaria para sempre a vida do jovem criminoso. Em Chicago, Al começou como segurança de um bordel, mas logo percebeu a oportunidade que mudaria tudo: a Lei Seca. Entre 1920 e 1933, a venda de bebidas alcoólicas foi proibida nos Estados Unidos. Para os criminosos, isso significou uma mina de ouro, e Capone logo se tornaria um dos maiores nomes desse negócio.
Torrio viu na proibição do álcool um negócio milionário, mas Colosimo se recusava a entrar no comércio clandestino de bebidas. Em 1920, Colosimo foi assassinado, e as suspeitas caíram sobre Al Capone, embora nada tenha sido provado. Com a morte de Colosimo, Torrio assumiu o controle da máfia de Chicago e nomeou Capone como seu braço direito. A ascensão de Al Capone foi meteórica. Em 1925, Torrio sofreu uma emboscada, ficou gravemente ferido e decidiu abandonar o crime, entregando o comando de todo o império a Capone, que se tornaria o homem mais poderoso do submundo de Chicago.
Capone construiu uma rede gigantesca que controlava o contrabando de bebidas, casas de prostituição, cassinos ilegais e o tráfico de drogas. O dinheiro fluía em quantidades inimagináveis, e ele usava sua fortuna para comprar proteção policial e influência política. Apesar da fachada de empresário respeitável, Chicago mergulhava em um banho de sangue. Disputas entre gangues rivais provocavam explosões de violência, e Capone era frequentemente alvo de atentados, mas sempre saía ileso graças à sua teia de aliados dentro da polícia. Sua fama crescia, e o medo que seu nome causava tomava conta da cidade.
Seus maiores inimigos eram os membros da North Side Gang, liderados por Bugs Moran. Para eliminá-los, Capone planejou um dos episódios mais sangrentos da história do crime americano: o Massacre do Dia de São Valentim. No dia 14 de fevereiro de 1929, sete membros da gangue rival foram executados a tiros em plena luz do dia. Capone estava na Flórida, garantindo um álibi, mas todos sabiam que ele fora o mandante. O massacre chocou o país e atraiu a atenção do FBI, que passou a persegui-lo com afinco, determinado a derrubar o império do mafioso.
Apesar de todos os seus crimes, foi a sonegação de impostos que finalmente derrubou Al Capone. O Departamento do Tesouro conseguiu provar que ele devia cerca de 200 mil dólares ao fisco. Em 24 de outubro de 1931, Capone foi condenado a 11 anos de prisão. Começou cumprindo pena em Atlanta, mas logo foi transferido para o temido presídio de segurança máxima de Alcatraz. A prisão representou um choque brutal para o antigo rei do crime, que de repente viu-se isolado, vigiado e privado do luxo e da proteção que um dia o cercaram.
Em Alcatraz, sua saúde se deteriorou rapidamente. Sofria de sífilis em estágio avançado, gonorreia e dependência de cocaína. A sífilis, contraída anos antes e tratada de forma inadequada, atacou seu sistema nervoso e provocou severos problemas mentais. No último ano de prisão, Capone já não era mais o mesmo: debilitado e com as faculdades mentais comprometidas, passou todo o tempo na ala hospitalar da prisão. Em 16 de novembro de 1939, foi libertado por bom comportamento e por causa de seu estado de saúde crítico, deixando para trás o império que um dia dominara.
Retirou-se para sua mansão em Palm Island, na Flórida, onde passou os últimos anos cercado pela família, mas isolado do mundo que um dia dominou. Em 25 de janeiro de 1947, Al Capone morreu aos 48 anos, vítima de um colapso cardíaco e de complicações decorrentes da sífilis. Foi sepultado em Hillside, no estado de Illinois. Assim chegava ao fim a vida do mais famoso mafioso da história dos Estados Unidos, um homem que construiu um império criminoso e dominou Chicago com punho de ferro — mas que acabou derrotado pela própria decadência do corpo e da mente.
Al Capone deixou um legado sombrio, símbolo da
violência, da corrupção e da ganância que marcaram a era da Lei Seca. Sua
história continua a fascinar e a aterrorizar, lembrando ao mundo que até os
impérios mais poderosos podem ruir. A trajetória de Capone é um retrato de como
a ambição desmedida pode levar um homem da pobreza ao poder absoluto — e,
depois, à ruína completa. Seu nome permanece vivo na cultura popular como o
maior gângster que os Estados Unidos já conheceram.
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