Por Frederico Rigo
O tema da tributação sempre gerou um ódio
particular entre os contribuintes. Em particular, hoje como no passado, o que
suscita maior antipatia são os impostos cuja razão da sua existência é difícil
de compreender. Por exemplo, um imposto que afeta o consumo ou uma determinada
ação. Mas voltando na história nos deparamos com alguns estranhos, como o
imposto sobre a urina imposto na Roma Antiga.
O imposto em questão era a centesima
venalium imposta pelo imperador romano Vespasiano, que
reinou de 69 a 79 d.C.. Para ser claro, quem iniciou os trabalhos de
construção do Anfiteatro Flaviano, mais conhecido como Coliseu. Ele
precisava desesperadamente de novas receitas fiscais e decidiu usar a urina
como uma nova fonte de rendimento. Um verdadeiro negócio.
A urina era na verdade uma fonte de amônia para
curtir o couro. Era recolhido em mictórios administrados por particulares
e posteriormente revendido. O imposto de Vespasiano atingiu precisamente
este comércio. Conseguiu o seu objetivo, gerando uma receita importante
para o erário.
A culpa por essa tributação não se espalhou
apenas entre o povo, mas também entre a família imperial. O historiador
Suetônio, aliás, diz que o próprio filho e herdeiro de Vespasiano, o futuro
imperador Tito, repreendeu seu pai por esta
escolha. Vespasiano respondeu com uma frase que se tornaria
proverbial: pecunia non olet.
Literalmente, esta frase em latim significa “dinheiro
não tem cheiro” e indica o fato de que o dinheiro não muda sua conotação,
positiva ou negativa, dependendo de onde vem.
Além disso, a palavra pecunia, ou
"dinheiro", deriva de pecus, que significa
"gado", uma sobrevivência da sociedade pastoril da Roma arcaica, na
qual a riqueza era indicada pelo gado próprio, trocado como mercadoria num
sistema de troca. Por estas razões, o fato de se afirmar a ausência de
odor para o dinheiro, ainda ligado na sua raiz lexical ao gado, constituía
um jogo de palavras particular para os romanos.
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